Entre a Ambição e a Violência: o Plano Russo para uma “Nova Rússia” e os Crimes contra os Direitos Humanos
Há décadas, Vladimir Putin não esconde suas ambições expansionistas, alimentando uma visão geopolítica ancorada na reconstrução do antigo poder continental russo. Sob sua liderança, a Rússia segue impassível, desafiando o mundo com exigências radicais, violência e violações aos direitos humanos em territórios ocupados. O mais recente capítulo dessa escalada preocupante veio à tona com novas denúncias à Corte Europeia de Direitos Humanos e o reforço das ameaças sobre a Ucrânia e países vizinhos.
A Nova Rússia: Um projeto expansionista
A narrativa russa da “Novorossiya” é clara e preocupante. O Kremlin reivindica territórios como Odessa, Mykolaiv e Dnipropetrovsk, que sequer estão sob ocupação russa. Ao resgatar essa ideia do século XVIII, Putin busca não só anexar territórios da Ucrânia, mas também sustentar uma visão de que essas terras sempre pertenceram à Rússia, justificando uma expansão ainda mais agressiva.
Elites e a busca pela manutenção do poder
A narrativa russa da “Novorossiya” é clara e preocupante. O Kremlin reivindica territórios como Odessa, Mykolaiv e Dnipropetrovsk, que sequer estão sob ocupação russa. Ao resgatar essa ideia do século XVIII, Putin busca não só anexar territórios da Ucrânia, mas também sustentar uma visão de que essas terras sempre pertenceram à Rússia, justificando uma expansão ainda mais agressiva.
Desde 2022, as exigências russas permanecem inalteradas, explicitadas pelo ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, e pelo chefe da Inteligência Externa, Sergey Naryshkin: a Ucrânia deve render-se à neutralidade absoluta, aceitar desmilitarização completa e reconhecer as anexações ilegais das regiões de Donetsk, Luhansk, Zaporizhia e Kherson. Além disso, exigem o abandono formal das aspirações da Ucrânia de integrar a OTAN.
Intolerância às negociações
Recentemente, Vladimir Putin rejeitou uma proposta de cessar-fogo temporário de 30 dias, mediada pelos Estados Unidos, alegando que a pausa beneficiaria militarmente a Ucrânia. A postura do Kremlin é transparente: aceitar qualquer trégua é visto como fraqueza. A Rússia não deseja apenas controlar território, mas impor sua supremacia política, econômica e militar, evitando negociações significativas a qualquer custo.
Essa postura irredutível é visível também nas ameaças feitas contra países da OTAN. Naryshkin recentemente alertou diretamente Polônia e países bálticos, afirmando que seriam os primeiros alvos em caso de confronto aberto. Lavrov vai mais longe, afirmando que territórios de países como Finlândia, Moldávia e mesmo da Polônia são “historicamente russos”. É um claro sinal de que a ambição de Putin não se limita à Ucrânia, e sim a um redesenho completo do equilíbrio geopolítico europeu.
Crimes denunciados à Corte Europeia de Direitos Humanos
A política de ocupação russa não se limita ao controle militar. A Rússia tem promovido programas deliberados de russificação, especialmente contra crianças ucranianas. Essas ações governamentais retiram jovens das regiões ocupadas e os levam à Rússia, onde são submetidos a uma doutrinação cultural e ideológica pró-Rússia.
Os programas de russificação configuram, segundo organizações internacionais, crime de assimilação forçada e limpeza étnica. Recentemente, a Ukrainian Helsinki Human Rights Union (UHHRU), denunciou formalmente a Rússia perante a Corte Europeia de Direitos Humanos por forçar cidadania e promover adoções ilegais de crianças ucranianas desaparecidas. A denúncia inclui o caso emblemático de 10 crianças órfãs da Crimeia, cujos destinos permanecem desconhecidos após terem sido entregues a famílias russas.
Além disso, há relatos alarmantes de repressão contra funcionários ucranianos na Usina Nuclear de Zaporizhia, presos e condenados sob falsas acusações de traição, com penas pesadas e arbitrárias, mostrando o quão longe a Rússia está disposta a ir para consolidar seu controle e silenciar qualquer resistência interna.
Coerção pela cidadania
Outra estratégia sombria da ocupação russa é o uso de leis administrativas, aparentemente inocentes, como a legislação sobre segurança rodoviária. Ao obrigar residentes das áreas ocupadas a obter carteiras de motorista russas, o Kremlin força indiretamente a adoção da cidadania russa. Esse método, apelidado de “passaporte sobre rodas”, é uma tentativa clara de consolidar ainda mais o domínio russo, coletando dados pessoais sensíveis para controlar ou punir dissidentes.
Uma preocupação global
O silêncio não é mais opção. A postura da Rússia revela um objetivo claro de reconstruir seu poder continental, ameaçando não apenas a soberania ucraniana, mas toda a estabilidade europeia. As ações do Kremlin na Ucrânia são um alerta dramático sobre as intenções russas a longo prazo: expansão territorial, controle político rígido e absoluta intolerância a negociações razoáveis.
É urgente que a comunidade internacional, em especial o Ocidente, reconheça a gravidade dessa situação. Não se trata apenas de território, mas do futuro da democracia, dos direitos humanos e da segurança global. É preciso compreender as dimensões do ataque russo e sua ameaça aos valores mais fundamentais da liberdade e da autodeterminação.
A visão de Putin para uma “Nova Rússia” deve ser encarada pelo que realmente é: uma ameaça direta à paz mundial e à ordem internacional vigente. Uma posição firme e solidária em defesa da liberdade é bem-vinda, uma vez que a ambição do Kremlin parece ser ilimitada.

Sâmila Monteiro
Co-fundadora do Negra Livre
Bacharel em Direito (UniRitter)
Geopolítica (PUCPR)