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O Papa Negro e a Nova Copa do Mundo

29 de abril de 2025

De tempos em tempos, o mundo descobre que a Igreja Católica é maior do que ele imaginava. É o que está acontecendo agora, com a despedida do papa Francisco e a atenção voltada para o cardeal Robert Sarah.

Negro, africano, conservador. Se depender da lógica dos nossos tempos, a eleição de Sarah ao papado seria um verdadeiro “bug” nas narrativas que tentam controlar o imaginário popular: o Papa que desarma o manual da esquerda em dois movimentos.

Mas antes de cair na tentação da torcida organizada, é bom lembrar: o Conclave não é a nova Copa do Mundo.

Quem é Robert Sarah

Sarah nasceu em 1945, numa aldeia isolada da Guiné. Cresceu longe do centro do poder e da cultura ocidental moderna — e talvez justamente por isso tenha desenvolvido uma fé sólida, livre das modas de cada década.

Aos 34 anos, tornou-se arcebispo. Depois, serviu como prefeito da Congregação para o Culto Divino no Vaticano, sempre defendendo a tradição litúrgica e a necessidade de preservar a essência da fé católica diante de uma cultura que relativiza tudo.

Sarah é o que muitos tentaram evitar: uma liderança africana profundamente conservadora. A esquerda adoraria um Papa negro e africano— mal sabe ela que o catolicismo africano moderno é o mais conservador e enraizado na tradição.

a profundamente conservadora. E aqui mora a contradição: a mesma esquerda brasileira que romantiza a África como um berço de religiões tribais esquece que, na África real, boa parte dos africanos respira o catolicismo raiz— e, pelos padrões progressistas, seria chamada de opressora, apenas por defender uma fé que não se curva ao relativismo e a força de uma tradição que não pede licença para existir.

O bug da esquerda

Robert Sarah desmonta isso só existindo.

Negro, africano, pobre de origem — mas avesso à cultura do ressentimento. Amante da tradição. Defensor da moral objetiva. Crente na responsabilidade individual e na centralidade de Deus.

Sarah é o tipo de personagem que a narrativa do mundo secular não consegue enquadrar. E por isso, em vez de atacá-lo frontalmente, a esquerda prefere ignorá-lo. Fingir que não viu.

Afinal, como atacar um papa negro africano? O homem parece blindado.

O Conclave não é campeonato

Quem acompanha o noticiário vê o Conclave tratado como se fosse um campeonato mundial de popularidade: torcidas, apostas, favoritos do momento.

Mas a realidade é outra.

O Conclave é um retiro. Um recolhimento profundo para pedir ao Espírito Santo que conduza a escolha daquele que guiará a Igreja no mundo.

Não à toa, a eleição começa com a ordem solene: Extra omnes! — fora todos! As portas se fecham para que o peso da decisão fique livre — ou ao menos deveria ficar — do barulho da opinião pública e da ansiedade do mundo.

A Igreja não muda conforme o vento da política. Sobreviveu a imperadores, revoluções, ditaduras, democracias frágeis e democracias fortes. Não porque se adaptou a cada época, mas porque soube atravessá-las com fidelidade.

O próximo Papa não será escolhido para atender às expectativas da mídia. Será escolhido para guardar e transmitir aquilo que não muda.

O mundo mudou — mas a Igreja não é só reflexo

É verdade: o clima político deu sinais de mudança. Trump nos Estados Unidos, Meloni na Itália, Milei na Argentina, Bukele em El Salvador. Todos são sintomas de um cansaço com as velhas promessas progressistas.

Eu mesmo, com o coração movido pelo espírito do nosso tempo, espero um Papa que fortaleça a tradição do Ocidente.

Mas a Igreja é movida pelo Espírito Santo: não é apenas mais um barco ao sabor das ondas políticas.

A escolha de um Papa nem sempre responde às tensões do momento — mas sempre responde à missão de sempre: salvar almas. Mas a realidade é outra.

Henrique Flores

Católico. Estrategista de Comunicação Política, com foco em discurso e posicionamento. 
Marketing: Influência e Mídias Digitais (PUCRS)


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