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Discord o quanto quiser, Boulos

12 de maio de 2025

Por que o Discord é o vilão digital do momento?

A discussão sobre a possibilidade de banir o Discord ressurge no cenário político brasileiro, impulsionada por um pedido do deputado Boulos (PSOL) para que a plataforma seja suspensa até que se “adeque à legislação brasileira”. Em um discurso alarmista, Boulos tenta disseminar a ideia de que o Discord é a raiz de todos os males.

Essa postura remete àqueles programas televisivos do início dos anos 2000, nos quais figuras como Gilberto Barros dedicavam extensos blocos para afirmar que o baralho de Yu-Gi-Oh! era satânico, explorando o medo de uma população que confiava cegamente no que era transmitido pela TV.

Para certos políticos de esquerda, a exemplo de Boulos, a tática consiste em culpar todos até que tenham controle absoluto sobre as redes sociais, definindo o que pode ser dito, opinado, sobre quem e onde se pode falar — Cuba? Oi? —, tudo em nome de uma “democracia relativa”. Recentemente, vivenciamos também o bloqueio do Twitter (insisto em não chamá-lo simplesmente de X) sob a mesma justificativa.

Será que o problema reside unicamente no Discord ou o deputado acredita que ‘discursos de ódio’ e interações entre extremistas não ocorrem em outras plataformas como WhatsApp, Messenger ou Reddit? 4Channers dão risada de Boulos neste momento em algum board. Talvez, se a internet desaparecesse repentinamente do planeta, essas conversas migrassem até para as pré-históricas mensagens SMS ou encontros em bares.

Em minha experiência pessoal, utilizo o Discord para jogar online com amigos e familiares — o que acontece com excessiva raridade, já que sou mais do singleplayer — e participei de diversos canais da plataforma; nunca presenciei um discurso de ódio, até mesmo quando não jogo bem e prejudico minha equipe no jogo.

Nessas ocasiões, ouço críticas bem fundamentadas sobre meu desempenho, repletas de palavrões e xingamentos, o que considero distante de discurso de ódio. Suspender ou banir plataformas com base nesse pretexto faz com que a maioria pague pelos atos de uma minoria, como ocorreu durante a suspensão do WhatsApp no Brasil. Comerciantes que dependiam do serviço para manter seus negócios foram impedidos de trabalhar, tudo em nome da “justiça”.

Fico imaginando como Boulos reagiria se, após o banimento do Discord no Brasil, algum grupo radical cometesse um atentado. Como se posicionaria o autoproclamado guardião da segurança virtual? Qual seria o novo vilão digital da vez? Pode apostar que não seria uma das redes que o PSOLista utiliza para difundir seu mandato.

A questão central é a impunidade, e não a plataforma onde extremistas se comunicam. Eles fazem o que fazem pois estão certos de que “não dá nada” no Brasil, e o exemplo vem de Brasília!

Vejam só, leitores: cheguei no final do texto e percebi que eu estava aqui querendo que Boulos entendesse sobre impunidade, quando ele próprio solicitou o arquivamento do caso de rachadinha do Janones. Se ele estivesse numa call com meus amigos no Discord durante essa decisão, iria ouvir poucas e boas sobre isso e nos colocaria a pecha de anti-democráticos.

Adelar Martins

Adelar Martins

Aluno da grande escola autodidata da vida, Adel é videomaker, fotógrafo, músico, geek e autista com hiperfoco em arte.

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