Quem é a novinha dos funks?
Surpreendentemente, a sociedade brasileira, que consome letras de funk celebrando que o malandro vai “pegar a novinha”, agora se diz chocada com a denúncia de Felca. Afinal, quem eles achavam que fosse a tal “novinha”?
A denúncia do Felca sobre a adultização das crianças chocou muita gente. Mas não é uma novidade. O que se revela é o estado de uma sociedade que perdeu referências essenciais, naturalizando comportamentos que seriam inaceitáveis em qualquer outra época.
As redes sociais são apenas um espelho dessa sociedade. Elas não criam o que vemos, apenas refletem a cultura que nós cultivamos. Quem hoje levanta bandeiras de “proteção das crianças” e pede regulação digital é, paradoxalmente, o mesmo que defende peças de arte moderna sexualizadas para o público infantil e promove o funk como se fosse apenas mais um gênero musical, ignorando o caráter explícito e sexualizado de muitas letras e clipes.
A adultização das crianças é consequência da infantilização dos adultos. A cultura progressista afastou os referenciais de uma vida responsável, virtuosa e com propósito familiar. Pais que deveriam ser o exemplo muitas vezes se distanciam de seus deveres ou se comportam como crianças, deixando que a sociedade e as telas preencham o vazio dos filhos.
No Brasil, 16,5% dos lares com filhos têm apenas um dos pais presentes e em mais de 86% desses casos, a mãe assume sozinha a criação (IBGE, 2022). Entre 2008 e 2019, mais de 6 milhões de bebês nasceram de mães adolescentes, muitas vezes sem apoio ou presença paterna (Fiocruz, 2021). A ausência do pai, ou a sua infantilização diante das responsabilidades, deixou gerações sem referência. Crianças crescem sem limites claros, e acabam expostas a uma sexualização precoce, seja na vida real ou nas telas — quando não caem no crime, principalmente no caso dos meninos.
O problema vai além das telas. Limitar-se a pedir a regulação das redes é ignorar a raiz do problema. Mais uma vez, uma pauta nobre é subvertida para fins políticos. O atual governo não busca uma regulamentação que trate apenas da sexualização, mas sim de fake news, opinião e toda a cartilha de sempre. Se a preocupação fosse realmente com o abuso de menores, Lula já teria dado andamento ao Cadastro Nacional de Pedófilos, que, mesmo após sete meses da sanção, ainda não foi criado.
O que precisamos combater é a cultura progressista que infantiliza adultos e naturaliza a exposição precoce e a sexualização infantil. Não se protege crianças apenas com decretos. Protege-se reconstruindo valores, autoridade e presença familiar. Protege-se exigindo responsabilidade dos pais e apoiando mães solo, transmitindo o ideal da família de geração para geração.

Henrique Flores
Católico. Estrategista de Comunicação Política, com foco em discurso e posicionamento.
Marketing: Influência e Mídias Digitais (PUCRS)