Trends de 15 segundos: o custo cultural da moda acelerada
O TikTok revolucionou não apenas o consumo de conteúdo digital, mas também toda a cadeia produtiva da indústria da moda. Com seus vídeos curtos, que duram de 15 a 60 segundos, e algoritmos altamente eficientes e personalizados, a plataforma criou um ecossistema dinâmico onde as tendências surgem, viralizam e desaparecem em questão de dias ou, em casos extremos, até mesmo horas. Esse fenômeno, amplamente conhecido
como microtendências, está redefinindo os padrões tradicionais da indústria, impactando áreas que vão desde o design criativo até questões cruciais de sustentabilidade e meio ambiente.
A aceleração imposta pelo TikTok força marcas e designers a adaptarem-se a um ritmo frenético, onde o ciclo de vida de uma tendência é drasticamente encurtado. Isso não só altera o modo como produtos são criados e comercializados, mas também levanta debates sobre o impacto cultural e ecológico de um consumo tão volátil e impulsivo. Em um mundo onde a novidade é rei, o custo vai além do financeiro: ele afeta identidades culturais, promove o desperdício e questiona a longevidade da moda como forma de expressão duradoura.
O TikTok acelera o ciclo de vida dos produtos de moda ao priorizar a velocidade sobre a durabilidade, criando um loop de produção e consumo que se alimenta de viralidade e imediatismo. Isso resulta em uma indústria mais reativa, mas também mais propensa a excessos e ineficiências. Um único vídeo, postado por um influenciador ou usuário comum, pode transformar uma peça de roupa desconhecida em um item desejado globalmente em poucas horas, impulsionando demandas repentinas e imprevisíveis. Esse sistema é alimentado por interações como curtidas, comentários e compartilhamentos, que amplificam o alcance exponencialmente.
Um exemplo é a hashtag #TikTokMadeMeBuyIt que é uma tendência viral para mostrar produtos que usuários descobriram no TikTok, demonstrando de forma clara como a plataforma influencia diretamente as decisões de compra. Itens como acessórios baratos ou roupas de fast fashion viralizam rapidamente, levando a picos de vendas que forçam marcas a produzir em massa para atender à demanda efêmera, muitas vezes resultando em estoques não vendidos e desperdício ambiental significativo. Esse exemplo ilustra o poder do TikTok em moldar comportamentos de consumo em escala global, transformando o que era uma tendência local em um fenômeno mundial quase instantaneamente.
Essa dinâmica não só beneficia criadores de conteúdo e marcas ágeis, mas também destaca os riscos culturais, como a homogeneização de estilos e a perda de valor para criações artesanais ou atemporais.
O TikTok está reescrevendo as regras da moda, priorizando o efêmero sobre o eterno, para acompanhar as microtendências sem abarrotar os estoques e ter prejuízos, as marcas precisam se reinventar e acompanhar o ritmo de seus consumidores sem acumular estoques em grandes escalas.
Referências
www.portal.fgv.br
www.revistasoajose.com.br
www.ramd.am/blog
www.sebrae.com.br

Kelly CS Miranda Marques
Formada em moda, publicidade e propaganda. Pós graduanda em Neurociência, marketing e consumo pela PUC.

